quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Passagem por Nijmegen, Países Baixos

(13-04-2017)
 Ode ao Onno e Andrea

Salto fronteiras, venço zimbre
Colho flores, longos húngaros
                Abraços.
Adeus distâncias, com o timbre,
Profundos
Vencem amizade estes laços.

Sobre notas antigas falámos,
Braga presente na memória.
Línguas estrangeiras, liames
Duradoiros é nossa história.

São eles meus bons amigos
Que a casa do trabalho tornam.
Expectativas, sonhos idos,
Eles queiram, sempre voltam.

A eles devo tanto preito,
Que lembranças novas comecem.
Comigo os trago no peito,
Descansem, agora adormecem.

Amanhã, antigos sinais celtas
Vamos buscar pelo rio Reno.
Martas nas colinas esbeltas,
História nova em dia ameno.

No alto céu brilha, escondido, o sol,
Neste país receado por frígio.
Belas canções as do Tirol,
Aos ouvidos vêm em rodízio.

O Reno aqui se chama Waal,
Lento, calmo, em chão de Holanda.
Mantimento certo como o sal,
Em Nijmegen, meigo, nos vê e abranda.

Minha é a amiga Andrea,
Com seu companheiro Onno.
Foi até ele tal sereia,
Porém, dela ele é patrono.


(17-04-2017)

Em lençóis macios estendo meus pés,
Nesta terra, com grandes mágoas,
                Tirada ao mar.
Do chão amargo se retiraram águas,
Cortinas brancas esvoaçam de par em par.

Sobrevoam, elegantes, pêgas sobre os jardins,
Procuram, satisfeitas, o gostoso alimento.
Mais que a conta também vêm as gralhas,
Levando prós ninhos, nos bicos, não sustento
Mas rebuscadas, entrançadas quentes palhas.

No jardim rasgado se vê pela janela,
Cores variadas, vivas, elegantes flores.
Sobranceira, a casinha dos pássaros os espera.
Chamar a esta casa alegria e amores,
Contados em emails de fresca primavera.

(18-04-2017)

Não há vento a uivar à janela.
Os pássaros cedo se esconderam em seus ninhos.
Muito silêncio temos de fazer para os seus pios
Ouvirmos nesta noite morna em nossos caminhos,
Longe de nosso lar embebendo princípios.

Amanhã, já Braga em seu vale vemos,
Pois viagem em leves asas de Nijmegen
Temos.
Abraços não chegam, que as saudades
                Apartam.
Somam-se lembranças em aperto sereno.

Já não precisas mais do computador?,
Não, obrigada, podes guardar já,
Que tudo está pronto da minha parte.
Vê tu o que tens para levar de cá,
Seja sapato, vestuário ou livro de arte.

Deixamos para trás os Países Baixos
Com pena, tantas artes lavradas.
Por artistas, quantos são de grande nomeada,
Quadros belos, telas tantas sonhadas,

Em museus raros num país de terra prateada.

sábado, 5 de agosto de 2017

Rogar, rogar a Deus, resisti

Pouco culto me deveis achar,
Mas não desgosto de Ravel.
Dei comigo a cantarolar,
Se queixaram desse ranzel.

Desde moço, mostro-me ser evasivo.
Não quero que me tomem por condenado
Nem em conversas quero ser permissivo.
Mais quero ser em minha vida sossegado.

Andar só de olhar vazio, mas sereno,
Assim sei bem afastar a tristeza.
Rio-me e faço rir, até sou ameno,
Sorte tenho saber ter firmeza.

Com toda a gente falo manso,
Mostrando, às vezes, a minha loucura.
Escondo lágrimas, nelas descanso
Minha rudeza por falta de ternura.

Pensei muitas vezes em dar rosas
A uma jovem em meu pensamento.
Como ela não há mais formosas,
As procurei em todo firmamento.

Sem ostentar, varonil apenas,
Bocejo ares de mais franzino.
Levanto-me cedo, em manhãs amenas,
Cobrem-me trapos de grão campino.

Sussurram insectos ao ouvido somente.
Por estarmos sós não lhes dou censura.
Digo-lhes, pensado, boas vindas, veemente,
Por ser áspero e rude em mim, com ternura.

Com meus braços toco o céu extremo,
Vinte nuvens brancas eu cingi.
Com falta de namorada não sou enfermo,
Pois bem dentro em mim eu cresci.

Rogar, rogar a Deus, resisti,
Orações não faço, sigo meu trilho.
Livre no meu caminho entrevi
Que o céu tem muito mais brilho.

Não são contas aquelas que toquei,
Não são contas aquelas que me abafam.
São horas acordado que criei,
Esperando sempre os que não me abraçam.

Minha irmã de nome Francelina
Olhares apagados me lançava.
Que sabia ela se só a neblina
Era veneno verde que ‘le deitava.

Não, não seria essa minha vontade,
Pois de génio e siso me tenho.
De mim teria ela saudade,
De pouco lhe vale seu senho.

Já para minha mãe tem ela virtude,
E seus pés amiúde lambuza.
De ambas suspeito a atitude,
Desdenhando quem de mim abusa.

Vejo os penedos nus, ali, ciprestes,
De meu sangue estão ali repousando.
De família distante, também mestres,
De memória os tenho, ‘inda estou amando.

Deus Hades várias vezes me acena,
Nunca chamando às portas Caronte.
Rogam os sinos, acende-se luzerna,
Apolo brilha sobre as águas da fonte.

(escrito a 21-03-2017)

quarta-feira, 12 de julho de 2017

O gato, a lagarta e eu

Como o gato me vou espreguiçar.
Bem quisera eu ser tal felino,
Que para ser esperto vive a brincar,
Preso no ar, co' as mãos segue ave, fino.
Também em pedra alçada a lagarta se esconde,
Como eu, esquivo, com brilho alarde.
José Faria Leitão (heterónimo)

Nota:
Dou início, aqui, aos poemas do heterónimo José Faria Leitão, um homem simples e a viver pobremente, apesar de ser proprietário de terras. Nasceu em Grimancelos e já andou "por muitas partes", acabando por se fixar com casa arrendada na freguesia vizinha de Chavão, do concelho de Barcelos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Adventure in the hills, a tale written in partnership with followers

I am a small writer and start to feel lonely. I'm sitting right now in front of my TV but I feel bored with the stupid news about money and crisis. Well, I don't feel like staying at home at all. I'd rather go to my tiny farm where my friends are waiting for me. By the way, this is my story. It has just started. My name is Helen, Helen Donaire, a twenty-two-year old shy woman. I need to go, now. It takes half an hour to reach my shelter in the mountains.
- Hi! Are you there? - I shouted when I got there, trying to be heard by my friends, inside the shelter.
Nobody answered. Maybe they aren't there, I thought. I entered to be sure. In fact they weren't there. I tried near the small lake. Suddenly I heard a horse neighing. The sound had come from the hoods, in the direction of a hill on my right. That was the place of dreams, where nature dominated over all human beings, animals and plants. The eagle announced herself up there in the skies, flying in circles while now and then she threw that incredible shout. I was standing near the lake, listening to the nature enchantments. In the meantime, I realized my friends had disappered totally. And I was by myself. I looked down, inside the waters, and saw some fish hiding behind the vegetation. I stared at that image and...
- Heavens! Where am I? - I heard myself shouting. My clothes were still dry, without any signs of water. Also, the fish had disappeared and I found myself in front of a medieval castle.

(To be continued by followers and I)